É Obra | Ficha técnica
Título: GO Porto | É Obra
Edição: Empresa Municipal de Gestão e Obras do Porto (GO Porto, EM)
Textos: Textos extraídos e adaptados das memórias descritivas dos projetos, com exceção da Rede de Parques Infantis, Programa de Arte Pública e Programa Rua Direita.
Imagens: GO Porto; Câmara Municipal do Porto; Miguel Nogueira; Filipa Brito; Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; Sara Ferreira; José Lameiras; Arquiteto Nuno Valentim; Foto Engenho - Projetos e Serviços de Fotografia, Lda.; Atelier Miguel Melo Arquitetura; Kengo Kuma + Ooda; Oriental Hub, SA; Atelier 15 Arquitetura, Lda.; Camilo Rebelo Arquitecto Unipessoal, Lda.; Teresa Noronha; Domitianus - Arquitetura, Lda.; Domuscrea, Lda.; Brandão Costa Arquitectos, Lda.; Deparquitectura, Lda. e Pablo Rebelo & Pedro Pereira, Lda.
Design: Q’ria Ideias - Agência de Design e Comunicação
Conselho de Administração
Arq.º Pedro Baganha | Presidente do Conselho de Administração
Arq.ª Cátia Meirinhos | Vice-Presidente do Conselho de Administração
Eng.º Manuel Aranha | Vogal do Conselho de Administração
goporto.pt

Assinalar um marco importante na vida de uma empresa é, antes de mais, um momento de celebração. Para que seja verdadeiramente proveitoso, deve configurar uma oportunidade à reflexão e ao consensual exercício de balanço que pode e deve ser aproveitado para impulsionar, com ousadia, novos êxitos futuros.

 

O portefólio que aqui se apresenta é, por isso, e antes de mais, um acto de memória porque, indubitavelmente, existe um antes e depois na vida da Cidade com a empresa municipal GO Porto.
Permitam-me, pois, que comece precisamente por evidenciar a mudança produzida em áreas tão distintas como o Ambiente, a Cultura, o Desporto, a Educação, a Mobilidade e o Urbanismo, que proporcionaram melhorias significativas e mensuráveis na qualidade de vida dos munícipes, além de atenderem ao desenvolvimento social, empresarial e cultural do Porto.

 

No Ambiente, são inúmeras as obras à vista de todos. Uma delas foi a grande reabilitação dos Jardins do Palácio de Cristal. Será porventura generalizada a ideia de que aquele espaço verde, hoje tão bem tratado, sempre foi assim. Convido, pois, a recuar até 2014, ano em que iniciámos esta revolução silenciosa. A requalificação do centenário Jardim Émile David, “cartão de visita” dos Jardins do Palácio de Cristal, valorizou a reposição do traçado paisagístico desenhado há mais de 150 anos, que havia sido perdido ao longo de sucessivos retoques, e resolveu uma série de entropias ao nível da drenagem das águas pluviais. A Alameda das Tílias, outrora maltratada e sem mantos verdes, está mais aprazível. Os muros e a escarpa voltada para a Rua da Restauração estão hoje consolidados e mais seguros. A memória tem destas coisas, é traiçoeira. Hoje temos nestes belos jardins, floridos em todas as estações (porque preservados regularmente por uma equipa de zelosos jardineiros, com o auxílio de modernos e sustentáveis sistemas de regadio), um dos mais carismáticos postais da Cidade do Porto.

 

O trabalho de reabilitação de grandes jardins continua. Dentro em breve, será lançado o concurso para a empreitada de requalificação do histórico Jardim Teófilo de Braga, que também abrangerá toda a envolvente da Praça da República. Com esta intervenção, a Câmara do Porto recupera a posição de referência que a Praça da República assume na Cidade, quer pelo seu significado histórico, quer pelo seu jardim público, que terá condições para ser melhor aproveitado.

 

Outro carimbo da extraordinária obra da GO Porto ficou marcado na construção do novo Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA), cuja obra ficou concluída em janeiro de 2020, para finalmente substituir o velhinho canil com mais de 80 anos. Em Areias, Campanhã, ao lado do Viveiro Municipal, temos um equipamento com dignidade e, mais do que isso, com condições de excelência para garantir o bem-estar animal, apresentando-se ainda como um local de trabalho aprazível.

 

Quando fui eleito presidente da Câmara Municipal do Porto pela primeira vez, em 2013, um dos principais compromissos que assumi foi o de resgatar a Cidade do cinzentismo a que estava votada na área cultural. Nesta matéria, muito já se fez. No plano político, normalizaram-se as relações institucionais entre o Município e as instituições e companhias culturais, devolveu-se o Teatro Municipal do Porto à Cidade, e implementaram-se um conjunto de programas e projectos capazes de envolver toda a população.

 

Ao nível dos equipamentos culturais, destaco três exemplos. O antigo Museu do Vinho do Porto, hoje Museu da Cidade – Extensão do Douro. A obra, recentemente inaugurada, permitiu dotar o edifício municipal, localizado no Muro dos Bacalhoeiros, em plena Ribeira, de uma maior funcionalidade e diversidade de usos, de acordo com o programa cultural que vai ser desenvolvido.

Se recuarmos mais atrás no tempo, observamos igualmente o contributo da GO Porto na criação e na expansão do Programa de Arte Pública, orquestrado pelo nosso querido e saudoso ex-vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva.

 

Temos outro fabuloso exemplo, este mais actual: a requalificação do Cinema Batalha, que renascerá como Batalha Centro de Cinema. Em boa parte, trata-se de uma obra de restauro, que preserva e tenta restabelecer as características do edifício original, mas cujo projecto de arquitectura (da autoria do Atelier 15, dos arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez), dá simultaneamente resposta aos desafios tecnológicos e usos culturais previstos do equipamento.

 

Encravada nas peias e teias do Tribunal de Contas, a obra tardou a iniciar. É de elementar justiça, por isso, saudar a fantástica equipa da GO Porto pela tenacidade, resiliência e espírito de sacrifício que têm constantemente demonstrado neste e noutros dossiês.

 

Felizmente, repito, todas estas vicissitudes têm sido ultrapassadas. Qual salto de barreira em barreira, estamos na fase em que é possível confirmar, a breve trecho, o início da construção do Complexo Municipal do Outeiro, equipamento que vai transformar este antigo campo numa infraestrutura preparada para a prática de diversas modalidades desportivas, que acolherá todos os clubes e coletividades que ali manifestem interesse em treinar, tal como o histórico clube que ali nasceu.

 

E após muito tempo à espera do terreno de Justino Teixeira (em Campanhã), já estamos a preparar o lançamento do concurso público para a construção do novo Campo Desportivo Municipal.
No domínio desportivo, a obra feita com assinatura da GO Porto é, por si só, a garantia de um selo de qualidade. Vimo-lo ainda no Parque Desportivo de Ramalde, que resultou da requalificação do antigo campo do INATEL. Desde abril de 2017, o equipamento desportivo disponibiliza uma pista de atletismo com seis corredores e medidas oficiais, além de um campo de relva homologado para a prática de futebol de 11 e de rugby. A partir de novembro de 2019, passou também a oferecer um skate park – o Skate Park de Ramalde -, onde crianças, jovens e adultos têm pela primeira vez um espaço onde podem aventurar-se na modalidade ou aperfeiçoar a técnica entre rampas, escadas, corrimões e outro tipo de estruturas, com toda a segurança.

 

O serviço público estende-se ainda a empreitadas em estabelecimentos de ensino. Além das pequenas intervenções, cumpre-me destacar dois projectos da GO Porto. A requalificação da Escola Básica do Bom Sucesso, processo que envolveu toda a comunidade; e o da Escola Secundária Alexandre Herculano, que não estando sob gestão municipal, representa um bom exemplo das obras que, embora sejam em primeira e última instância da competência do Estado Central, têm vindo a ser assumidas, no todo ou na parte, pela Câmara Municipal do Porto.

 

Recuperando uma promessa de 2003, avançámos com a construção do Terminal Intermodal de Campanhã. Está a poucos meses de se concluir uma obra imprescindível para a mudança de paradigma da mobilidade na Cidade e na Área Metropolitana do Porto. Seria, no entanto, redutor reter-me nesta observação. De igual modo, este hub intermodal apresenta-se como uma extraordinária obra arquitectónica e de engenharia, alinhada com o princípio da sustentabilidade ambiental, considerando que vai disponibilizar uma área verde de 4,6 hectares.

 

Incontornável também é a referência à obra de restauro e modernização do Mercado do Bolhão, que se aproxima da sua recta final. Talvez seja este o projecto que melhor ilustra a multidisciplinaridade dos quadros e técnicos que compõem a GO Porto, que tiveram, têm e terão um papel fundamental no novo capítulo da vida do Bolhão.

 

Foi a empresa municipal de Gestão e Obras Públicas do Porto que, directamente, ouviu cada um dos seus comerciantes, com eles dialogou propondo a mudança para o Mercado Temporário do Bolhão (solução encontrada a 200 passos do histórico equipamento), e que também preservou os seus direitos históricos, através de um conjunto de compensações que só cessarão aquando do regresso à casa-mãe, e que mereceram a aprovação de todas as forças políticas, da esquerda à direita. É, actualmente, também a GO Porto que conduz os concursos públicos para os novos comerciantes do Bolhão, relacionados com os 60 espaços que ficaram livres, e será a GO Porto a gerir o equipamento quando este reabrir.

 

No final, a promessa feita aos portuenses há décadas será cumprida. Nenhuma outra obra reuniu o consenso generalizado como o Bolhão. E são vários os motivos para que isso aconteça: primeiro, nenhum outro projecto anteriormente apresentado preservava o Bolhão como o mercado de frescos que sempre foi; depois, o actual projeto, da Câmara Municipal do Porto/Nuno Valentim, recupera detalhes do centenário mercado, que se julgavam perdidos para sempre; e, por fim, esta empreitada introduz duas novidades decisivas na adaptação do Bolhão à modernidade, nomeadamente a criação de um túnel de acesso e de uma cave logística, espaço por onde todos os produtos vão entrar e sair do mercado, seguindo os mais altos padrões de higiene e segurança.

 

Porque o futuro se constrói no presente, tem sido crucial o envolvimento da GO Porto na reconversão do Antigo Matadouro Industrial de Campanhã, obra fundamental para o desenvolvimento da zona oriental do Porto e que, aliada a outros projectos, como o Terminal Intermodal de Campanhã ou a construção da nova ponte sobre o Douro, terá a capacidade de transpor barreiras físicas e cerzir a Cidade.
Também do ponto de vista imaterial, tendo em conta que o projecto alia a dimensão económica, social, cultural e artística, o Matadouro configura um extraordinário exemplo da forma como o interesse público pode prosseguir os seus intentos envolvendo privados.

 

A empresa que venceu o concurso público internacional e a quem a Câmara Municipal do Porto concessiona o equipamento por 30 anos, irá investir nesta obra qualquer coisa como 40 milhões de euros. Será a nossa Expo, com a diferença de que o dinheiro ali investido não custou nenhum dinheiro aos portugueses, nem tão pouco aos portuenses.

 

Por tanto e por muito mais que pode ser descoberto nas páginas deste portefólio, “É Obra!”.

 

“É Obra!” a capacidade técnica e o profissionalismo de todas as trabalhadoras e trabalhadores da GO Porto, e permitir-me-ão que direccione os meus agradecimentos ao Conselho de Administração que nos tem representado nos últimos anos.

 

Estou certo de que o trabalho de excelência e o compromisso com a Cidade continuará bem entregue em todo e em cada um dos que diariamente constroem a história da GO Porto.

 

Rui Moreira
Presidente da Câmara Municipal do Porto